Isto não é uma
crônica. É um desabafo. Não vou de terceira pessoa pra me esconder do mundo.
Pelo contrário, vou de primeira mesmo. Não quero dar lição de moral, nem
produzir uma cartilha, muito menos ensinar alguma coisa. Aliás, quem sou eu pra
ensinar? Quero apenas desabafar, botar pra fora o caroço, um troço que me
incomoda. Se você não tá a fim de escutar, aproveite a deixa. Mas, se vai
comigo, prometo que vou azeitá-lo com um pouco de humor.
O que tá pegando,
amigo, é que tão levando a vida muito a sério. Sério! Perdeu-se a leveza do
ser, o humor, o jeito moleque de ver as coisas. Estão todos muito armados, com
o espírito em constante alerta, carregando uma verdadeira Scania do famigerado
politicamente correto nas costas. Tudo bem, precisamos ser corretos, honestos,
fazer o melhor, mas também não precisa exagerar, né?
No Facebook, vejo
lá que dois amigos estão “em relacionamento sério”. Relacionamento
sério não pode ser bom! O bom, o que vale a pena, que acrescenta, que emociona,
que nos faz sentir vivos nesta vida de deus-dará é qualquer relacionamento
afetivo, seja hétero, homo, poli, rotulado ou não, menos um relacionamento
sério. Amem sim, mas deixem a seriedade de lado. Tá, tá bom, eu sei o que é
relacionamento sério, eu não poderia era perder a piada. Mas não seria melhor
dizer “namorando”?
Essa seriedade
contemporânea contaminou também o cinema. Falaram tanto do Cinquenta Tons que
eu tô pra ver filme mais careta, até pelo que venderam. O “Felizes para sempre”
tava muito mais animado, mais interessante, eu diria.
Sério, gente. Essa
seriedade generalizada tá fazendo mal pro mundo; tá tornando as pessoas muito
chatas. Essas pessoas ficam patrulhando tudo. Sejam humorísticos, comerciais,
peças, imagens, opiniões, opções sexuais, religião, estilos, jeito de ser.
Vamos hastear a bandeira do leve, vamos ter um olhar mais suave para a vida. Ela
está muito pesada.
Outro dia puxei
papo com uma desconhecida num ponto de ônibus, e senti que ela tava achando que
eu a estava cantando. Eu não estava. Apenas puxei papo pra passar o tempo, para
tornar aqueles minutos de espera mais agradáveis. É tão absurdo assim um homem
e uma mulher que não se conhecem conversarem num ponto de ônibus sobre algum
assunto que não seja “esfriou, né?”, ou “essas mudanças no trânsito...”? As
pessoas se fecham. Mesmo no Facebook, as pessoas só adicionam quem conhecem.
Não se abrem para o novo, para o desconhecido.
Eu decidi que minha
vida deve se ancorar em dois estados capitaneados por duas palavrinhas mágicas:
leveza e simplicidade. É isso que eu quero pra mim. Ah, e no Facebook,
conhecendo ou não, sempre adiciono quem me faz uma solicitação. Se lá na frente
o amigo é uma furada, eu bloqueio. Simples assim.
Por Sérgio Geia