A prevenção e o combate à dengue, para serem eficientes, se fazem necessárias medidas firmes e permanentes. Ou podemos correr sério risco de figurar
na indesejável lista das exceções, entre municípios que não dão atenção e importância à saúde da
população.
A administração municipal ensaiou reagir ao problema, mas não passou de
cortina de fumaça, ao que se constata. Fez a população acreditar que estava
realizando a aplicação do fumacê, através de uma empresa contratada que atuou
em apenas 40 quadras, sendo 20 no Norino Bertolini e 20 na Chácara Globo. Foi isso, e ponto final. Tudo parado novamente, como se convidando os mosquitos a
avançarem. Nebulização também, a exemplo do fumacê, não há. Então, puro factoide.
O Instituto Adolfo Lutz parou de realizar exames para diagnosticar a
doença, porque o município extrapolou a cota que tinha. Desta forma, deveria ter
contrato um, mais que um ou todos os laboratórios locais, para que os exames não
deixassem de ser realizados. Até aqui, ao que se sabe, isso ainda não
ocorreu. E não há como arguir problemas de licitação porque este sim é um caso
excepcional de saúde pública, que dispensa o procedimento.
O quadro de agentes de saúde que vistoriam os imóveis conta com apenas sete servidores (eram seis até ontem). Mas no último dia 10, a
prefeitura homologou resultado de concurso público que, dentre outros cargos,
contempla o de agente de saúde. E ainda assim, com os casos de dengue
avançando, nenhum novo servidor foi convocado, sendo que o déficit no setor,
conforme já demonstramos em matéria anterior, é em torno de 11 funcionários.
Um drone foi contratado, segundo divulgou a prefeitura, para identificar
focos de dengue. Despesa paga com dinheiro do povo. Mas qual o exato custo-benefício da utilização dessa tecnologia? Se o drone detectou algum foco – e a
prefeitura não informa, como sempre -, pode ter sido em vão. Sem campanha, sem agentes,
sem diagnóstico, sem fumacê, sem nebulização, sem limpeza das áreas sob responsabilidade pública, é nada. Não pode ser essa a prática de quem cobra da população que cumpra com o seu dever.
Agindo assim, a administração de Pederneiras demonstra apenas fingir que previne ou
combate a dengue, uma doença que pode matar. E a população deve fingir que há
serviço sendo executado, que há avanços no combate à dengue.
Se fossemos administrados por meninos, diria que a situação seria muito grave. Mas
como não se tratam de meninos, é bem mais que muito grave. É gravíssimo.